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CLEUZA CYRINO PENHA
( BRASIL – PARANÁ )
Nasceu em 01/01/1929, em Lins, São Paulo, Filiação: João Batista Cyrino e Eurídice Ribeiro Cyrino. Após concluir o ensino fundamental e médio em sua terra natal, cursou a Escola Normal, preparatória do magistério, antes de transferir residência para Paranavaí, em 1959.
Em sua nova cidade, obteve a licenciatura em Letras (Português-Inglês) pela Fafipa - Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí, atual Unespar. Lecionou nos colégios estaduais Dr. Marins Alves de Camargo, Leonel Franca, Três Marias e Enira Moraes Ribeiro. Foi professora e diretora da Escola Municipal Ayrton Senna da Silva - CAIC.
Aposentou-se como professora do Estado do Paraná em 1982 e, desde então, se dedicou ainda mais à literatura. Publicou inúmeras obras publicadas, dentre as quais se destacam: Retalhos d'Alma (romance), Bocas Famintas (poesia), O Tesouro do Carpinteiro (contos), Lua Nova (poesia), Garimpeiros da Felicidade (contos), Amor, Fascínio e Magia (poesia), Quem Cuidará de Nossas Crianças (ensaio), Saudades dos Amores (poesia), Quem Escreverá o Amor? (poesia).
ANTOLOGIA DEL SECCHI, 2005. Organização Roberto de Castro Del´Secchi. Rio de Janeiro: Del´Secchi, 2005. 328 p. 14 x 21 cm ISBN 85-8649-14-3 No. 10 231
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro) Brito, em novembro de 2024.
MEU BRASIL SERTANEJO
“Até o mar tem vontade de ser filho do sertão”
Antônio Bezerra (Pernambuco)
Povoado de sonhos e encantos da imaginação
voa pensamento. Vai buscar eco na verde palmeira
que deixei na beira da estradam escancarada no meu sertão
quando papai, sertanejo curador, sarava mordida de cobra
maleita e coqueluche, tosse e febre brava que cismava
em acometer os filhos da rezadeira Maria.
Madrugada, piava na verde mata, um lamento, uma visão,
ao ver passar de enxada nas costas, marmita na mão
a família inteira, pra sertanejar: mãe lavar no rio
o sujo da molecada na roupa feita de saco vazio.
Pai, consertar cerca pra não vazar o gado de raça do patrão.
O Uirapuru era cantor no coral que amanhecia a vida do sertão.
De tardinha, cansados, pele escura e empoeirados,
todos voltavam pro rancho de sapé. A mãe altiva,
cansada, beirava o fogão pra aliviar nossa fome,
com farinha, abóbora, arroz, feijão e um gole de cachaça.
Tudo colhido no chão onde pai roçava, arava e semeava grão
A sábia natureza respondia brotando café, cana, milho e algodão
N]ao fosse o sertanejo, plantador, o roceiro, o caipira que se diz,
Brasil não seria o primeiro país a produzir fruta e grão.
Morria de fome o homem da cidade, empinando na vaidade.
Doutor, dentista, mestre e advogado, empresário e até o padre.
O Brasil, da viola, do terreiro de café, da fruta laranja no pé,
é dele que me orgulho, o terço que rezo, curtindo a minha fé.
Deste país dos papagaios, dos índios, da famosa juriti,
Deste povo, a pouca cultura, as crendices e o futebol,
Na copa, nas olimpíadas, coroando a camisa amarela,
Alma pintada em aquarela, espírito hospitaleiro e gentil
“É este chão que a gente pisa, acontece e realiza”.
O meu Brasil sertanejo incrustado no meu coração.
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